23/12/2015

ASSOCIAÇÃO DE COMBATE AO CÂNCER EM CRIANÇA (AACC) É ACUSADADA DE DESVIO DE DINHEIRO


Sede da Associação dos Amigos da Criança com Câncer de Mato Grosso (AACC-MT) (Foto: Angelo Varela) 

Um suposto desvio de dinheiro da Associação dos Amigos da Criança com Câncer de Mato Grosso (AACC-MT), com envolvimento e prisões da ex-presidente da associação e outras três pessoas, é investigado pela Polícia Civil. A investigação aponta que teria sido desviado R$ 1 milhão em recursos da AACC. No entanto, uma auditoria ainda é feita na movimentação financeira da instituição. Com isso, a polícia acredita que o valor da fraude é ainda maior.

Uma operação sobre a fraude foi feita na semana passada, no entanto, os detalhes da investigação (que ocorria em sigilo), só foram divulgados nesta quarta-feira (23). A investigação começou em outubro deste ano depois que a nova diretoria da instituição procurou o Ministério Público Estadual (MPE) e a polícia após suspeitarem do desvio na associação. A operação foi chamada de 'Cupititas' (cobiça em latim).


A ex-presidente da AACC, Tellen Aparecida da Costa, o marido e a mãe dela, além de uma quarta pessoa, foram presas na operação, no entanto, todos foram ouvidos, indiciados e colocados em liberdade. Tellen respondeu pela instituição entre 2009 a outubro de 2015, quando acabou afastada após a diretoria desconfiar da fraude. O G1 não conseguiu contato com a ex-presidente da AACC.
 Crianças observam boneco de bombeiro salvando o personagem Superman. (Foto: Maria Anffe)
Os investigados na fraude ficaram cinco dias presos. Também foram cumpridos seis mandados de busca e apreensão nas empresas e residências dos investigados. As ordens judiciais foram decretadas pela 7ª Vara Criminal de Cuiabá.

Através de documentos e auditorias a polícia detectou a fraude em uma nota fiscal referente a serviços de informática. O valor original da nota fiscal seria de R$ 2,1 mil e tinha sido adulterada para R$ 500 mil.

Fraude
Os diretores também informaram à polícia que desconfiavam de outras fraudes com notas fiscais e adulteração de extratos bancários da AACC. Segundo eles, as notas, quando apresentadas ao corpo de diretores, omitiam transferências da conta da associação para conta da empresa da presidente e também para conta particular dela.


Conforme a polícia, Tellen e o marido são donos de uma empresa em Cuiabá que recebeu diversas transferências em valores da AACC. A mãe da ex-presidente é sócia da empresa da filha. Um homem, 4º preso na operação, é dono de uma empresa queria teria sido usada como 'laranja' pela empresa de Tellen, segundo as investigações.

Em depoimento, a ex-presidente assumiu as práticas ilícitas, bem como detalhou a forma como vinha cometendo as fraudes. Ela se comprometeu a restituir os valores desviados à entidade.

A previsão é que a investigação seja finalizada em 80 dias. Os suspeitos presos na operação vão responder pelos seguintes crimes: apropriação indébita, falsidade ideológica, formação de quadrilha, e possivelmente crimes contra administração, na forma de peculato, uma vez que a entidade recebeu dinheiro público de convênios, podendo ainda surgirem novos delitos.

Para a polícia, ficou claro na investigação que os membros da diretoria da AACC, sem exceção, foram todos induzidos a erro e enganados pela presidente durante anos, sendo ela, o único membro da AACC, acompanhada dos comparsas, a serem responsabilizados pelos crimes investigados.


Associação
Em nota, a AACC informou que em setembro deste ano fez uma auditoria que identificou 'inconsistências nos extratos bancários' e que montou uma comissão interna para afastar a ex-presidente.


“É preciso ainda enaltecer esta iniciativa e dizer que hoje a AACCMT está livre de qualquer tipo de desvio e nas mãos de pessoas sérias e comprometidas com a Justiça colaborando com as investigações, mais do que nunca a instituição precisa do amparo daqueles que sempre a mantiveram”, disse a entidade na nota.

De acordo com a associação, as atividades continuam com normalidade. Atualmente a AACC atende famílias de Mato Grosso, Rondônia e Minas Gerais. Em média, são atendidas crianças e jovens com idade entre 0 a 19 anos.

As famílias são atendidas com alimentação, transporta, laboratório, hospedagem, medicamentos e suporte psicossocial. Todos os recursos são adquiridos por doações, projetos e eventos.

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